Acordo com credor é estratégia para 35% dos inadimplentes que planejam ‘limpar o nome’, revela pesquisa CNDL/SPC Brasil 61494e

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Quando a dívida já não cabe mais no bolso e as chances de pagá-la ficam cada vez mais distantes, procurar o credor para renegociar o débito acaba sendo a alternativa mais utilizada. Uma pesquisa feita em todas as capitais pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revela que entre os consumidores inadimplentes que pretendem regularizar sua situação pelos próximos três meses, 35% querem tentar um acordo com o credor para parcelar o valor do débito. No total, 55% dos consumidores com contas atrasadas acreditam que terão condições de regularizar as dívidas, sendo que 35% pretendem pagar integralmente e 16% parcialmente. Por outro lado, 45% dos inadimplentes não se veem em condições financeiras de quitar suas dívidas em um horizonte de três meses.
Exemplo dessa dificuldade, é que caso utilizassem seus rendimentos para zerar as dívidas, 75% dos entrevistados comprometeriam o pagamento de contas básicas. Somente 21% garantem ter uma mais situação confortável diante desse cenário.
Na avaliação do educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, é importante analisar a dívida e as próprias condições financeiras antes de propor um acordo. “A primeira coisa a fazer é traçar um diagnóstico de receitas e despesas. O segundo o é cortar todos os gastos desnecessários, dando atenção às dívidas com juros mais pesados, como cheque especial ou cartão de crédito. Renegociar com o credor é uma opção que vale a pena tentar. Outra alternativa é trocar a dívida por uma linha de crédito mais barata ou tentar a portabilidade em outro banco. De qualquer maneira, o consumidor deve estar preparado, tendo em mente o quanto deve, já considerando os juros, e quanto ele consegue pagar por mês para sair dessa situação”, orienta Vignoli.
Três em cada dez inadimplentes vão cortar orçamento para pagar dívidas em atraso e 24% vão procurar bicos
A resistência em cortar despesas e em rebaixar o padrão de consumo são alguns dos erros mais comuns para quem precisa sair do vermelho. No entanto, a pesquisa revela que fazer cortes no orçamento é a segunda alternativa mais citada pelos inadimplentes que planejam regularizar suas dívidas (28%), inclusive com um aumento de nove pontos percentuais na comparação com o ano ado.
A terceira estratégia mais citada é recorrer a um bico ou trabalho extra (24%), seguida dos que que esperam contar com o pagamento de empréstimos feitos a terceiros (12%). Outras opções que cresceram em um ano são vender um bem (9%) e substituir a dívida por um empréstimo que cobra juros mais baixos (4%).
Para quem vai economizar para conseguir pagar as dívidas, os principais cortes deverão ser nas despesas com lazer (33%), deixar de comprar roupas e calçados (28%), diminuir ou eliminar alimentação fora de casa (27%) e evitar gastos com produtos de beleza (20%).
“Uma atitude importante para quem quer organizar a vida financeira é reconhecer a necessidade de mudar hábitos que colocam o bolso em risco e se reeducar financeiramente. Dois graves erros são subestimar os pequenos gastos, que am despercebidos no dia a dia e ceder às compras por impulso”, analisa o educador financeiro José Vignoli.
Na avaliação dos entrevistados, os principais empecilhos para quitar as dívidas em atraso e colocar a vida financeira em ordem é não sabe de onde tirar dinheiro para pagar as dívidas (28%), o fato de estarem desempregados (23%) e a queda na renda (20%).
Para 58%, dívidas atrasadas superam metade da renda; aluguel e plano de saúde são contas mais priorizadas
Segundo a pesquisa, em cada dez inadimplentes, seis (58%) possuem dívidas em atraso que superam ao menos metade dos seus rendimentos mensais e para 23%, as dívidas igualam ou extrapolam o seu salário.
Considerando o pagamento de contas e prestações que não necessariamente estejam em atraso, 60% estão com pelo menos metade da própria renda comprometida com o pagamento desses compromissos, fato que ilustra a dificuldade que muitos enfrentam em colocar a vida financeira em ordem. No geral, os principais compromissos financeiros dos inadimplentes, estejam eles em dia ou não, são as contas de água e luz (59%), parcelas de cartão de crédito (57%) e crediário em lojas (52%). Há ainda 48% que possuem contas de telefone e 33% que pagam internet e TV por .
A pesquisa ainda revela que a escala de prioridades do consumidor é encabeçada pelas despesas consideradas mais importantes para a vida diária. Os compromissos financeiros que os inadimplentes mais pagam em dia são o aluguel (84%), plano de saúde (82%) e condomínio (78%). Outras contas que os inadimplentes têm procurado manter quitadas na maior parte das vezes são as com TV por e internet (73%) e também contas de água e luz (72%).
Empréstimo é compromisso que mais gerou negativação; faturas de cartão de crédito estão atrasadas, em média, há um ano e oito meses
Os empréstimos em bancos ou financeiras (69%), os crediários em lojas (68%) e as faturas atrasadas de cartão de crédito (67%) despontam como os tipos de contas que mais deixaram os inadimplentes com o ‘nome sujo’. Há ainda 52% de pessoas que ficaram nessa situação após entrarem no cheque-especial ou por atrasarem o pagamento do financiamento de automóvel.
A pesquisa investigou também os compromissos que estão em atraso, mas que ainda não geraram uma negativação do F. Nesse caso, ganham destaque os empréstimos com amigos e parentes (33%) e as mensalidades escolares (26%).
Para quem ficou inadimplente por causa do mau uso do cartão de crédito ou do crediário, os itens mais adquiridos foram roupas, calçados e órios (45%), gastos em supermercados (25%), aquisição de eletrodomésticos (18%), eletrônicos (17%) e smartphones (17%).
O levantamento demonstra que o endividamento costuma ser um processo gradativo, em que o descontrole financeiro vai produzindo efeitos cumulativos no tempo. Entre as contas de maior tempo médio de atraso, o destaque fica com os empréstimos em bancos e financeiras, que estão atrasadas, em média, há 23 meses. Depois aparecem cheque especial (22 meses sem pagar), crediário em lojas (21 meses em atraso) e faturas do cartão de crédito (20 meses em aberto).
Perfil do inadimplente: mulher, de 38 anos, com ensino médio e que recebe, em média pouco mais de R$ 2.300
A análise socioeconômica da pesquisa revela que a concentração de inadimplentes no Brasil é expressivamente maior entre os brasileiros das classes C, D e E (94%), sendo que em média, cada inadimplente recebe R$ 2.335,32 por mês. Além disso, oito em cada dez (79%) brasileiros com contas em atraso ganham no máximo três salários mínimos.
No geral, 58% dos inadimplentes no Brasil são mulheres, ao o que 42% homens. A idade média é de 38 anos e tendo em sua maioria, mais de três pessoas morando na mesma casa, predominantemente na região Sudeste (46%) e Nordeste (24%). Outra constatação é que 80% dos inadimplentes têm no máximo o ensino médio completo e outros 20% concluíram ou estão cursando o ensino superior.
“Embora mais presente nas classes de menor poder aquisitivo, a inadimplência e o descontrole financeiro não são uma exclusividade das classes mais baixas. Em geral, quem recebe salários altos também tem o mais fácil ao crédito e, consequentemente, mais chances de se endividar. Ganhar muito, mas gastar além de suas possibilidades é um típico exemplo de má gestão financeira”, alerta Vignoli.
Metodologia
A pesquisa ouviu 600 consumidores com contas em atraso há mais de três meses acima de 18 anos, de ambos os gêneros, de todas as classes sociais e que residem nas 27 capitais do país. A margem de erro é de no máximo 3,4 pontos a um intervalo de confiança de 95%.
Fonte: SPC BRASIL
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